Usiminas entra no "spot" de carvão.
Pereira, diretor de suprimentos: compra online gerou
economia de 10 %
A siderúrgica mineira Usiminas, maior fabricante de
aços planos do país, adotou a estratégia de adquirir
pelo menos 20% de suas necessidades de carvão
mineral no mercado à vista para conseguir melhor
equilíbrio no fornecimento e nos custos do insumo.
Uma das ferramentas de compra adotada é o pregão
eletrônico. A primeira experiência com esse sistema
foi feita na semana passada, com aquisição de 120
mil toneladas.
A empresa é uma grande compradora de carvão mineral
do tipo metalúrgico, usado nos altos-fornos de
siderúrgicas junto com o minério de ferro para se
obter o aço. São utilizados, em média, de 600 a 700
quilos para cada tonelada de aço produzida. O Brasil
é totalmente dependente de importações desse carvão,
que vem de várias fontes: Austrália, EUA, África do
Sul e Canadá.
Os preços do carvão neste ano vão ter forte
reajuste, em linha com os preços do minério de
ferro, causando forte impacto nos custos de produção
do aço. Da faixa de US$ 130 a tonelada em 2009,
poderão superar US$ 200, dependendo da
especificação. Para a Usiminas, a compra desse
material é uma conta alta - poderá beirar US$ 1
bilhão -, pois o consumo neste ano deve ficar
próximo de 5 milhões de toneladas. Operando à plena
capacidade (9 milhões toneladas/ano de aço bruto), a
empresa consome 5,8 milhões de toneladas.
Antônio Carlos da Rosa Pereira, diretor de
suprimentos da empresa, explicou que foi a primeira
vez que uma siderúrgica usou o sistema de pregão
online para comprar carvão no mundo. Participaram da
operação, realizada na quinta-feira com duração de
duas horas, oito fornecedoras (entre mineradoras e
tradings).
"Foi um sucesso", comemorou o executivo, informando
que foi obtida economia de 10% sobre o preço
referência no mercado, de US$ 170 a tonelada para
carvão tipo "hard" alto volátil, bastante comum nas
minas americanas. "Tivemos economia de US$ 2 milhões
por meio dessa operação". Ao fim do pregão foi
fechada a compra com dois fornecedores dos EUA - um
com 70 mil toneladas e o outro com 50 mil.
Segundo Pereira, durante a preparação do leilão
eletrônico, que durou 45 dias, a Usiminas mapeou 14
potenciais fornecedores. Por se tratar de um sistema
inusitado nesse mercado, seis desistiram. A ideia da
empresa é realizar novas compras por esse sistema
periodicamente no futuro. "Queremos ter uma
ferramenta ágil e confiável para realizar pelo menos
um leilão a cada dois meses", afirmou.
Para os demais 80% de seu suprimento, a Usiminas
manterá o modelo de negociação de contratos de longo
prazo com tradicionais fornecedores. As compras no
"spot" eram até agora bem pequenas.
O sistema de pregão eletrônico já foi adotado pela
empresa para aquisição de outros materiais e
serviços a partir do ano passado, dentro de um
processo de mudanças na gestão, explica o executivo.
Os grandes fornecedores de carvão no mundo são BHP
Billiton, Xstrata, Rio Tinto, Anglo American e Teck
Resources, entre outros, e os cinco maiores detêm
cerca de 60% das vendas no mercado mundial.
A expectativa é que, a partir do segundo trimestre,
o preço de alguns tipos de carvão metalúrgico seja
fechado além de US$ 200 a tonelada. Fora isso, há
pressão por parte de produtores para que a correção
de preço seja trimestral, movimento similar ao que
se verifica no mercado de minério de ferro. Outro
produto oriundo do carvão, o coque, viu seu preço
disparar de pouco mais de US$ 300 para cerca de US$
550 a tonelada.
Usiminas e CSN já fazem as contas do impacto do
custo de produção da tonelada de aço bruto (placa),
considerando reajustes no minério de ferro - fala-se
de 80% a 100% -, no carvão e no coque. Estima-se no
mínimo US$ 180 de aumento. A CSN previu, em reunião
com analistas na terça-feira, que o preço da placa
no mercado internacional deverá passar de US$ 450
para US$ 700 a tonelada depois da definição dos
reajustes dessas matérias-primas.
Desde
o ano passado, com a aquisição de quatro minas de
ferro, a Usiminas passou a utilizar boa parte de
produção própria nos seus fornos. Para este ano, com
produção de 7 milhões de toneladas de minério, a
empresa prevê utilizar 60% de material próprio. O
restante será adquirido no mercado.
(IR). |