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18/03/2010 - Usiminas entra no "spot" de carvão.

Usiminas entra no "spot" de carvão.



Pereira, diretor de suprimentos: compra online gerou economia de 10 %
 

A siderúrgica mineira Usiminas, maior fabricante de aços planos do país, adotou a estratégia de adquirir pelo menos 20% de suas necessidades de carvão mineral no mercado à vista para conseguir melhor equilíbrio no fornecimento e nos custos do insumo. Uma das ferramentas de compra adotada é o pregão eletrônico. A primeira experiência com esse sistema foi feita na semana passada, com aquisição de 120 mil toneladas.

A empresa é uma grande compradora de carvão mineral do tipo metalúrgico, usado nos altos-fornos de siderúrgicas junto com o minério de ferro para se obter o aço. São utilizados, em média, de 600 a 700 quilos para cada tonelada de aço produzida. O Brasil é totalmente dependente de importações desse carvão, que vem de várias fontes: Austrália, EUA, África do Sul e Canadá.

Os preços do carvão neste ano vão ter forte reajuste, em linha com os preços do minério de ferro, causando forte impacto nos custos de produção do aço. Da faixa de US$ 130 a tonelada em 2009, poderão superar US$ 200, dependendo da especificação. Para a Usiminas, a compra desse material é uma conta alta - poderá beirar US$ 1 bilhão -, pois o consumo neste ano deve ficar próximo de 5 milhões de toneladas. Operando à plena capacidade (9 milhões toneladas/ano de aço bruto), a empresa consome 5,8 milhões de toneladas.

Antônio Carlos da Rosa Pereira, diretor de suprimentos da empresa, explicou que foi a primeira vez que uma siderúrgica usou o sistema de pregão online para comprar carvão no mundo. Participaram da operação, realizada na quinta-feira com duração de duas horas, oito fornecedoras (entre mineradoras e tradings).

"Foi um sucesso", comemorou o executivo, informando que foi obtida economia de 10% sobre o preço referência no mercado, de US$ 170 a tonelada para carvão tipo "hard" alto volátil, bastante comum nas minas americanas. "Tivemos economia de US$ 2 milhões por meio dessa operação". Ao fim do pregão foi fechada a compra com dois fornecedores dos EUA - um com 70 mil toneladas e o outro com 50 mil.

Segundo Pereira, durante a preparação do leilão eletrônico, que durou 45 dias, a Usiminas mapeou 14 potenciais fornecedores. Por se tratar de um sistema inusitado nesse mercado, seis desistiram. A ideia da empresa é realizar novas compras por esse sistema periodicamente no futuro. "Queremos ter uma ferramenta ágil e confiável para realizar pelo menos um leilão a cada dois meses", afirmou.

Para os demais 80% de seu suprimento, a Usiminas manterá o modelo de negociação de contratos de longo prazo com tradicionais fornecedores. As compras no "spot" eram até agora bem pequenas.

O sistema de pregão eletrônico já foi adotado pela empresa para aquisição de outros materiais e serviços a partir do ano passado, dentro de um processo de mudanças na gestão, explica o executivo.

Os grandes fornecedores de carvão no mundo são BHP Billiton, Xstrata, Rio Tinto, Anglo American e Teck Resources, entre outros, e os cinco maiores detêm cerca de 60% das vendas no mercado mundial.

A expectativa é que, a partir do segundo trimestre, o preço de alguns tipos de carvão metalúrgico seja fechado além de US$ 200 a tonelada. Fora isso, há pressão por parte de produtores para que a correção de preço seja trimestral, movimento similar ao que se verifica no mercado de minério de ferro. Outro produto oriundo do carvão, o coque, viu seu preço disparar de pouco mais de US$ 300 para cerca de US$ 550 a tonelada.

Usiminas e CSN já fazem as contas do impacto do custo de produção da tonelada de aço bruto (placa), considerando reajustes no minério de ferro - fala-se de 80% a 100% -, no carvão e no coque. Estima-se no mínimo US$ 180 de aumento. A CSN previu, em reunião com analistas na terça-feira, que o preço da placa no mercado internacional deverá passar de US$ 450 para US$ 700 a tonelada depois da definição dos reajustes dessas matérias-primas.

Desde o ano passado, com a aquisição de quatro minas de ferro, a Usiminas passou a utilizar boa parte de produção própria nos seus fornos. Para este ano, com produção de 7 milhões de toneladas de minério, a empresa prevê utilizar 60% de material próprio. O restante será adquirido no mercado. (IR).

 
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