Fonte: Jornal Valor Econômico
BRASÍLIA -
O
governo vai mudar as regras da Lei de Licitações
para facilitar as obras da Olimpíada do Rio em 2016
e dos aeroportos das cidades-sede da Copa do Mundo
de 2014. O plano é aprovar, no Congresso, uma emenda
à Medida Provisória 510, que está em tramitação e
regula "o cumprimento de obrigações tributárias por
consórcios que realizem negócios jurídicos em nome
próprio".
Os
objetivos das alterações, que são o primeiro passo
para a "modernização" da lei nº 8.666, de 1993, são
a simplificação do sistema de recursos; a inversão
da fase de habilitação nas licitações, que seria
feita após o julgamento das propostas; e a
realização de projetos executivos e obras pela mesma
empresa, eliminando a necessidade de duas licitações
para um mesmo empreendimento.
Além disso, estudam-se outras mudanças, como a
possibilidade de remuneração de acordo com o
desempenho da obra e a posterior negociação com o
mais bem classificado na licitação, com o propósito
de se chegar a um preço menor para o poder público.
Para o governo federal, é importante que a
flexibilização seja aprovada. "Todos sabem que a Lei
de Licitações, da maneira como é hoje, vai atrasar o
cronograma de obras não só do Parque Olímpico, mas
dos aeroportos das cidades-sede da Olimpíada e da
Copa do Mundo. Não há nada de imoral que nós
tenhamos incluído nas mudanças", disse o líder do
PT, Paulo Teixeira (SP).
Essa será a terceira tentativa do governo de aprovar
medidas de flexibilização da Lei de Licitações. A
primeira foi na Medida Provisória 489, que sequer
foi apreciada. Devido ao período eleitoral, o
Congresso estava em recesso e a MP perdeu vigência
por decurso do prazo. Neste ano, o governo também
tentou incluir as mudanças na MP 503, que criou a
Autoridade Pública Olímpica (APO). As propostas
foram feitas perto da votação pelo relator, Daniel
Almeida (PCdoB-BA), com base em emenda apresentada
pelo deputado Geraldo Magela (PT-DF), licenciado do
mandato para ocupar a Secretaria de Habitação do
Distrito Federal. A oposição reagiu. "Esse projeto
oferece às futuras empresas responsáveis pela
execução das obras a responsabilidade de preparar os
projetos executivos. Então, ele dá um poder enorme
às empresas, que poderão fazer o que bem
entenderem", disse, na sessão em que se discutiu a
MP, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).
Fez-se, então, um acordo: aprovou-se a criação da
Autoridade Pública Olímpica, que deverá ser dirigida
pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique
Meirelles, mas sem os trechos que alteravam a Lei de
Licitações. Eles devem ser debatidos e incluídos na
MP 510, que será votada nas próximas semanas. |